Prefeito da “Famintos” quer R$ 200 milhões em ano eleitoral vendendo o que não tem

O prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, o mesmo que, segundo a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, no âmbito da Operação Famintos, a gestão desviou alguns milhões de reais da merenda das crianças campinenses, agora quer conseguir uma verba extra para a Prefeitura vendendo aquilo que não tem. Detalhe, em pleno ano eleitoral.

Romero deflagrou o processo para licitar o sistema de água e saneamento da cidade de Campina Grande, há mais de 50 anos de responsabilidade da Cagepa, a empresa estatal que tornou o sistema de Campina um dos mais modernos do Brasil, que detém, por exemplo, uma das menores taxas de desperdício de água do país, além de 100% de cobertura de distribuição de água e quase 90% de esgotamento.

O mais interessante de tudo, além de o processo ter sido deflagrado em pleno ano eleitoral sendo que o contrato com a Cagepa findou desde 2014, é que Romero quer faturar R$ 200 milhões com a privatização, vendendo o que não tem.

Campina não tem água para suprir suas necessidades. Todo mundo sabe que a água consumida em Campina Grande vem do Açude Epitácio Pessoa, localizado na cidade de Boqueirão.

Campina não tem rede de distribuição de água. Quem tem é a Cagepa.

Campina não tem adutora. Quem tem é a Cagepa.

Campina não rede de coleta e estação de tratamento de esgoto. Quem tem é a Cagepa.

Ou seja, caso essa ação esdruxula se concretize, a empresa que vencer a licitação, além de pagar os R$ 200 milhões a Prefeitura de Campina, a mesma da Famintos, vai ter que comprar a água para revender aos campinenses e campinagrandenses, vai ter que pagar para usa a rede de distribuição, vai ter que pagar para usar a rede e a estação de tratamento de esgoto, ou então vai ter que construir isso tudo de novo, o que vai levar uma fortuna e advinha quem vai pagar a conta? O povo da Famintos? Não. É o consumidor.

Diário da Paraíba