Bolsonaro confirma demissão de Ribeiro em meio ao escândalo do gabinete paralelo no MEC

O pastor Milton Ribeiro foi exonerado do cargo de ministro da Educação nesta segunda-feira 28, em meio a revelações sobre a atuação de um gabinete paralelo na pasta. A decisão do Jair Bolsonaro, após ‘pedido’ de Ribeiro, foi publicada em edição extraordinária do Diário Oficial de União.

A decisão ocorre em meio a revelações sobre o protagonismo de dois pastores na liberação de recursos do MEC, em uma espécie de gabinete paralelo. Na semana passada, o jornal Folha de S.Paulo divulgou um áudio que confirma a influência de líderes religiosos sobre o repasse de recursos.

Na gravação, Ribeiro admite priorizar, a pedido de Bolsonaro, o envio de verbas a prefeituras indicadas por Gilmar Santos e Arilton Moura, da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil.

“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, disse Ribeiro em reunião com prefeitos e os dois líderes religiosos. “Minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos que são amigos do pastor Gilmar.”

Em carta entregue ao ex-capitão, Ribeiro diz ter “plena convicção que jamais realizei um único ato de gestão na minha pasta que não fosse pautado pela correção, pela probidade e pelo compromisso com o erário”.

“Levando-se em consideração os aspectos já citados, decidi solicitar ao Presidente Bolsonaro a minha exoneração do cargo, com a finalidade de que não paire nenhuma incerteza sobre a minha conduta e a do Governo Federal, que vem transformando este país por meio do compromisso firme da luta contra a corrupção”, diz ainda o texto.

Há indícios de que o gabinete paralelo montado pelos pastores atua no MEC desde janeiro de 2021. Os recursos intermediados por Gilmar e Arilton vêm do FNDE, comandado pelo Centrão, e irrigam prefeituras aliadas com velocidade superior à do trâmite burocrático regular.

Na sexta-feira 25, a Polícia Federal instaurou um inquérito que mira a atuação dos pastores. Ribeiro, a princípio, não terá sua atuação investigada.

Carta Capital