UFPB desenvolve pesquisa de vacina da febre amarela

A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) desenvolve, em cooperação com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), desde 2015, uma pesquisa para identificar a duração da imunidade da vacina contra a febre amarela após uma dose, tanto em crianças como em adultos. A pesquisa é pioneira no mundo e se destaca por ser realizada em um país no qual a febre amarela ainda é uma doença endêmica.

Na manhã desta quinta-feira (28), representantes da Fiocruz e do Centro de Ciências Médicas da UFPB se reuniram com o reitor da Universidade, prof. Valdiney Gouveia, para apresentar ao gestor os resultados preliminares da pesquisa. Na ocasião, o reitor confirmou o apoio à continuidade do projeto.

“A cooperação da UFPB com instituições como a Fiocruz muito nos honra, sobretudo dada a importância que tem essa instituição na promoção da saúde pública. Os projetos que são apontados pela Fiocruz são de interesse da UFPB e, de fato, nós já estamos realizando esses projetos. Seria, unicamente, a continuidade. Portanto, contam com nosso apoio para que tenhamos resultados mais evidentes, sobretudo, em relação à febre amarela, avaliando se de fato uma única dose é suficiente ou se é necessário que a população nativa que lida com o contexto da doença necessita de outras doses”, explicou o Reitor.

A pesquisa é proposta pelo Centro de Ciências Médicas (CCM), sendo o Prof. Eduardo Sérgio, Vice-Diretor do CCM, o pesquisador principal do projeto, que é a primeira pesquisa clínica de grande porte elaborada em parceria com o Centro. Também há parceria com o Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW). “O papel do CCM da UFPB é exatamente apoiar. Nós fizemos a proposta e ela foi aceita enquanto pesquisa, a Fiocruz e o Ministério da Saúde apoiam administrativamente e financeiramente, e nós, na UFPB, damos a assessoria para que essa pesquisa saia conforme todos os critérios de uma pesquisa séria”, explicou prof. Eduardo Sérgio.

Na Paraíba, a pesquisa está sendo realizada desde 2016 no município de Alhandra e desde 2017 em Caaporã e Conde, com a participação de 4.761 moradores voluntários. Os resultados da pesquisa podem modificar o entendimento da Organização Mundial da Saúde (OMS) que, desde 2013, compreende que apenas uma dose da vacina ao longo da vida é suficiente para garantia contra infecções. Antes desse entendimento, a vacina contra a febre amarela exigia a aplicação da dose de reforço no intervalo de 10 anos.

Para o pesquisador Luiz Antônio Bastos Camacho, da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz) e Líder Científico do projeto, a orientação da OMS não considerou que em países endêmicos, como o Brasil, onde o vírus circula, uma dose da vacina para vida toda poderia não ser o suficiente, “principalmente se essa dose é feita em lactente, uma criança pequena, quando a resposta ainda é um é um pouco menor do que em adultos”, complementou.

A Secretaria de Estado de Saúde e as Secretarias Municipais de Saúde de Alhandra, Conde e Caaporã são co-participantes da pesquisa. O estudo é custeado pela Fiocruz e pelo Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.

Diário da Paraíba com MaisPB