Vídeo: deputado diz que se sente feliz por poder quebrar placa em alusão aos negros

Em entrevista exclusiva ao Congresso em Foco, o deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP) declarou que se sente feliz por estar presente na Câmara para poder impedir aquilo que ele classificou como uma agressão literal contra os policiais.

“Eu estou feliz em poder estar aqui na Câmara dos Deputados defendendo 600 mil policiais militares que foram agredidos, agredidos literalmente com um cartaz irresponsável que foi colocado na parede. Apenas um cartaz”, declarou o deputado ao site.

Coronel Tadeu não teme nenhuma repressão no Conselho de Ética e afirma não ver depredação do patrimônio público em seu ato. “Não é depredação, eu apenas retirei o cartaz da parede e pronto”. Questionado pela reportagem se havia quebrado o cartaz o parlamentar concordou. “Sim, eu eliminei ele depois”, disse.

“Eu sou um policial de segurança, fiz minha carreira na segurança e não posso permitir uma agressão desta ordem à uma instituição que trabalha 24h por dia para a sociedade”, declarou o deputado.

“Nós estamos tendo uma exposição sobre o racismo dentro da Câmara dos Deputados, uma exposição muito bonita por sinal que tem todo meu apoio. Mas um cartaz, apenas um cartaz dessa exposição era ofensivo, agressivo aos policiais”, disse Coronel Tadeu ao site.

Quebra da placa

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou a atitude do Coronel Tadeu de quebrar uma das placas da exposição que falava sobre o genocídio da população negra no Congresso Nacional. Para Maia, a atitude do deputado do PSL não se encaixa com o papel da Câmara de representar a sociedade brasileira e não combina com uma sociedade democrática que pode resolver desentendimentos como esse através do diálogo. “Não é um dia que marca de forma positiva a nossa Casa”, lamentou Maia.

“O que aconteceu foi muito grave. Em uma democracia, em um país livre, não é porque nós divergimos da posição da outra pessoa que nós devemos agredi-la verbalmente, fisicamente ou retirar de forma violenta uma peça de uma exposição que foi autorizada pela presidência da Câmara”, lamentou Maia durante a sessão dessa terça-feira (19), que acabou sendo tomada por manifestações contrárias e favoráveis à atitude do Coronel Tadeu.

Enquanto deputados da oposição criticavam a destruição da placa e reclamavam de racismo, representantes do PSL e da bancada da bala tentavam justificar o ato dizendo que a placa atacava os policiais. Maia tomou, então, a palavra para dizer que tudo poderia ter sido resolvido de forma pacífica através do diálogo.

“Nós vivemos em um país democrático e com diálogo tudo se resolve, principalmente no plenário da Câmara. Espero que um ato como esse, certamente num momento impensado, não se repita porque isso não é bom para uma casa que quer representar toda a sociedade”, reclamou o presidente da Câmara.

Ainda de acordo com Maia, a direção da Câmara vai analisar a atitude do Coronel Tadeu. O caso também foi levado à Polícia Legislativa pela oposição, que ainda promete uma representação contra o deputado do PSL no Conselho de Ética da Câmara.

“Não é um dia que marca de forma positiva a nossa Casa. Esse é um dia em que deveríamos estar defendendo a inclusão dos negros na política e a igualdade de oportunidades e não agredindo um cartaz que pode ser injusto com parte da política. Deveríamos ter resolvido isso com diálogo e não com agressão”, lamentou.

Diário da Paraíba com Congresso em Foco

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